O Estado Das Coisas
Hoje, como milhares de portugueses, comprei o jornal SOL. Tenho tentado manter-me à parte da actualidade, mas chega a um ponto em que a ignorância se torna demasiado pesada. A liberdade de imprensa assim como a liberdade de expressão é um direito e entendo também que um dever. Nós que gostamos de escrever, nós que estudamos para ser jornalistas, nós que não estudamos e o somos, nós que preferimos a verdade incómoda e nós que preferíamos não saber, todos nós merecemos saber o estado das coisas.
A questão do segredo de justiça não se torna irrelevante, mas imagino o seguinte, se eu tivesse acesso às escutas do processo Face Oculta e tivesse conhecimento desses estratagemas para deturpar a verdade e suprimir o direito à mesma. Não me sentiria em pleno direito e dever de o comunicar? O SOL, os seus dirigentes, ao publicar esta edição 179 arriscam-se de uma multa a pena de prisão, contudo, se esta edição não saísse, o crime perpetuado pelos arguidos do caso face oculta seria uma espécie de ilusão. Os portugueses não saberiam o que constava nessas escutas, não teriam conhecimento das verdadeiras intenções deste governo e mais uma vez ficaríamos à sombra, na ignorância. Defendo que todos nós tínhamos o direito de saber. Quando na verdade tínhamos vários motivos para já saber, os indícios estavam lá… A tentativa de aquisição da TVI pela PT, o final do Jornal Nacional da TVI, a demissão da Manuela Moura Guedes, a não publicação da crónica do jornalista Mário Crespo no Jornal de Notícias, a desproporcionalidade de publicidade do Estado no grupo Cofina em relação aos outros meios de comunicação. Realmente o estado das coisas é vergonhoso. Como refere o editorial do semanário: o SOL exerce a missão mais nobre do jornalismo: trazer à luz do dia aquilo que o poder pretendia camuflar. Um jornal só pode sobreviver se não se vergar a nenhum poder. E a imprensa só terá futuro se trouxer novidades, informações verdadeiras mesmo que incómodas, revelações inesperadas. No dia em que os leitores só se dirigirem às bancas por hábito ou por inércia, a imprensa estará condenada.
Colegas, lembram-se melhor porque um dia quiseram ser jornalistas?
A Moda sofre também a sua perda. Faleceu um dos criadores de moda mais talentosos da actualidade, Lee McQueen designer e fundador da casa Alexander McQueen foi encontrado sem vida em sua casa esta sexta-feira. É uma pena que o mundo seja cruel demais para aguentar certos dias. McQueen deixa um rastro de estrela atrás dele.
A fase é negra, concordo. A taxa de desemprego, o défice, nem a Natureza se consegue conter de fazer estragos. Não me relaxa saber que podia ser pior, mas sim saber que somos capazes de melhor. Muito melhor.
1 comment:
afinal, o sol quando nasce não é para todos!
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